quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sobre aventuras



Certamente eu e Gandalf temos duas coisas em comum. A primeira é o fato de ambos gostarmos muito denfazer fumaça, a outra é a procura por novas aventuras. Não sei extamente de onde surgiu esse sentimento, mas, lembrando o que for possível lembrar da infância, concluo que sempre gostei de scobrir o que havia em cima das árvores, atrás dos canis e na convivência com pessoas diferentes.

A mesmice pra mim é a morte. Hoje, lendo pela primeira vez a história de Ivan Litch, uma frase de Tolstói permanceu sobrevoando minhas ideias : " você pode morar cem anos na cidade e não saber que já está morto há muito tempo".  Ivan era um advogado burocrata, cuja vida era um reflexo da elite e das relações sociais de seu tempo. Tinha uma mulher a quem pouco gostava, um melhor amigo que apenas o acompanha em momentos de conscideração obrigatória e filhos que teve apenas para complementar a figura de um patriarca. Mesmo datado 1886, essa história não está tão longe da realiade do século XXI.

Conversando com muitas pessoas da minha idade, percebi que poucas sabem o por quê ou pelo que estão vivendo. Algumas mais velhas reduzem seus objetivos à dinheiro ou ao futuro, como os planos para aposentadoria. Acordam cedo pregados na velha ideia de que para (sobre)viver é necessário se agarrar ao que é certo e monótono. Passam a vida acumulando capital e não correndo riscos para quê, num futuro longe, possam aproveitar. Talvez por isso eu prefira o incerto e o calafrio. Não poderia aceitar menos do que isso. A vida é muito mais do que uma rotina que te reduz à produtor e consumidor. Sou mais. Quero mais. Quero transformar cada dia em um dia único. Gosto de originalidade.

O mais estranho é pensar que alguém se deixe reduzir ao óbvio. Nascer, casar, morrer. Não percebem que, no mundo de modelos iguais, todos somos substituíves? É na experiência, descoberta e aventura nova que agregamos sentido a nossa existência. Seja passando sufoco no Rio Amazonas, se aventurando pelo centro carioca, conhecendo refugiados ou passando vergonha no Titicaca. Sakamoto estava certo, a aventura é o que nos difere e nos torna únicos.

All work and no originallity makes Jack a dull boy.

sábado, 22 de junho de 2013

Sobre canto



Uma certa vez, a vó teve uma conversa séria comigo. Provavelmente tinha decido que eu era confiável o bastante para guardar os segredos de infância dele e da família. Parte de tudo eu já sabia. Veio de família rica, com avô conhecido e homenageado pelo clube, uma avó doutora em Sorbonne e referência no feminismo brasileiro, uma pai amigo do prefeito e uma madrasta inteligente e com uma grande herança. E no meio disso tudo, ele. Ele que demorou pra descobrir quem era e o que queria. Que cresceu ente a cruz e a espada, entre a mãe descolada e o pai rico, entre os ideais da família e os ideias que construiu com a vida universitária.

Mas aparentemente tinha muito mais. Coisa que ele chorava quando tentava me contar. Segredos íntimos que talvez ele mesmo tenha apagado da memória. Realidades criada pela criança de dois ano que não sabia o que estava acontecendo, nem se quer entendia a dimensão de um divórcio. "Ele dizia que era um menino mal, Bia. Achava que tudo o que estava acontecendo era na verdade culpa dele. Tadinho". Foi assim que a vó me contou como tudo aconteceu. "No meio de toda a mudança, o pai demorou uma semana para buscá-lo em casa. Ele jurava que o pai não o queria mais. Mas chegou sábado, e ele veio buscá-lo para passear no zoológico. Precisava ver como ele cantava. Cantava alto, cantava forte, cantava tudo aquilo que ele estava sentido de felicidade. Ele sempre cantava quando estava feliz. A gente colocava ele no carrinho e ele ia cantando pela rua, como se aquele mundo fosse só dele".

Depois disso, nunca mais acordei de mal humor com as cantorias diárias no chuveiro que me despertam mais cedo. Agora, o nariz torto matinal não existe mais, pois sei o significado dessa cantoria. E isso é um bom motivo para estar feliz também: meu amor.

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sobre Maria

Maria não tinha muita personalidade. Foi reprimida por seus traumas de criança e sentia seriamente que ninguém a amava. Sempre se expressou através da pena que, às vezes, utilizava para ganhar uma atenção. Nunca foi muito inteligente também. Como não era uma menina muito bonita, esgotou suas energias durante anos tentando ser de grupos de meninas populares e acreditou com todo coração que beleza era o mais essencial. Fez chapinha no cabelo, frequentou fielmente a academia e pagou uma plástica facial (mesmo não tendo certeza de dinheiro nem para o próximo aluguel do cubículo onde morava). Mais ainda não estava satisfeita, precisava ser mais. Mais daquilo que acreditava ser um objetivo de vida e menos daquilo que realmente importava. Mas, para Maria, tanto fazia. Como escrevi no início a história: Maria não tinha muita personalidade.

 Ao longo do tempo, Maria conheceu outras pessoas. Entrou na Universidade e descobriu que as regras sociais não eram como as do ensino médio. Na faculdade, talvez por culpa da "academia", as pessoas queriam algo um pouco além das roupas descoladas. Ali, aparentemente, o que você pensava contava para alguma coisa - e que Maria não sabia dizer para quê, mas sabia que contava. Assim, Maria resolveu que seguir o gado seria o mais fácil a fazer. Se tivesse que abandonar suas roupas cor de rosa ou sua mochila de florzinha para estar entre o grupo popular, ela o faria. Foi quando Maria começou a ler e descobrir novas bandas: se o menino era interessante e gostava de Rolling Stones, Maria se tornava fã de Mick Jagger. Se o menino bonito gostava de ler Dostoiévski, pode crer que Crime e Castigo entraria no dia seguinte na lista de leitura de Maria - que acreditava estar criando personalidade. Começou a falar de Bandeira e do Bauhaus, Van Gogh, dos Mutantes, de Caetano e Rimbaud. Se tornou uma pessoa mais interessante, mesmo que em seu quarto permanecessem os velhos livros de menininhas e seus probleminhas.

 Aprendeu muita coisa, mesmo que nada daquilo realmente lhe importasse. Acreditava que as pessoas estavam finalmente gostando de quem ela era e de seus gostos. Até que um dia chuvoso lhe forçou a esperar pela lotação sob a marquise de uma loja. Nada de especial na loja, no entanto, com tanta chuva e pouco transporte, Maria entrou para experimentar algumas peças. Foi quando, na forma de um trem bala mirando seu cérebro, uma epifania lhe ocorreu. Não era uma pessoa constituída, era um espectro que circulava pelo mundo grudando em corpos vivos. Olhou no espelho e levou um susto: Maria já não tinha mais reflexo.

Sobre perdão



Se Bob Marley estivesse vivo, estaria dizendo que você pode enganar algumas pessoas por algum tempo, mas não pode enganar muitas pessoas por muito tempo. Mas, mais do que enganar aos outros, por quanto tempo as pessoas podem se enganar?

Não existe uma vida sem arrependimentos. Somos humanos e as cagadas fazem parte da vida cotidiana - principalmente em um mundo que preza pelo individualismo e pelo comportamente egoísta. E quando se está afundado nesses valores, é melhor adimitir do que achar que o mundo é otário.

Sempre fiz um pouco (cof, cof, muito) supersticiosa. Acredito que a vida é sim a melhor escola e que nada passa em branco. E por isso,desonestidade atrai desonestidade. Assim como você acreditou enganar alguém, alguém nesse momento tenta te enganar - e, como o karma é sempre certeiro, você também não vai notar.

Já tive que pedir muita desculpa na vida e continuo. Já tive que ir em casa de ex-namorado tocar a campainha e engolir todo o ego (mentiroso) do universo. Justo. Pedir perdão por perder a cabeça é uma atividade constante numa vida de sangue quente e língua sem medo. No entanto, nunca deixei de ser perdoada. Garanto que não é difícil identificar seriedade nas minhas desculpas. Não tenho interesses espúrios nelas e provo isso caminhando na direção do aperfeiçoamento. Quem convive comigo SABE que trabalho para ser um ser humano melhor (o que quer dizer que vou além dos rótulos que o mundo material me colocou: filha, namorada ou estudante).

Mas o que eu queria dizer é que não importa o quanto você acha que está arrependida, quem tem a palavra final é quem apanhou na história. É essa pessoa que vai te dizer se suas desculpas foram sinceras, pois só ela sabe se o perdão foi no tom certo ou sobre o erro verdadeiro. Pedir perdão é pedir confiança de volta. E quem possui a palavra final é quem vai confiar, ou não.

Hoje, cerca de 6 anos depois, chega até mim uma resposta pelos meus sinceros arrependimentos, porque não basta só o que a boca fala, a gente também tem que sentir. E depois de muita conversa sobre música (pois tudo muda e nada muda), vamos sair eu e ele. Eu com meu novo ele e ele com sua nova ela.

Gosto quando tudo termina em música (especialmente quando essa é pra mim (e sobre nossa amizade) https://www.youtube.com/watch?v=QN5Wsork4no)

Sobre felicidade


Felicidade bate e você não pensa. Só sente. Sente bater forte quando seus ídolos viram seus companheiros. Quando percebe que está cercada de amor. Ou no meio de uma aula daquele curso que você tinha dúvidas se deveria fazer. Felicidade é uma decisão.

Acho que as pessoas deveriam parar de descrever algo tão indescritível. Ou ao menos parar de tentar achar soluções mágicas em livros sobre psicologia. Psicologia serve aos que não param um minuto em silêncio para escutar a cabeça ou o coração. Já vi muita amiga se curando de grandes traumas porque parou para se escutar. Já ajudei muita gente a entender o importante e dar um ponto final no sofrimento e em falsos problemas.

Como disse, felicidade não é uma teoria ou uma benção divina. Tá dentro de você. Nasceu com você. O que precisa é de um despertar. Normalmente vem com amor. Mas não esse amor de novela, que parece bom  mas é de mentinrinha. Amor verdadeiro, amor próprio, amor à muitos. Amor ao cachorro, ao namorado, vizinho ou amigo.

Existem muitas frequências no ar que derivam de dois sentimentos principais: amor ou medo. Amor é uma frequência que gera felicidade. Esse é o segredo de qualquer guru, da física quântica ao Tao. E isso torna mais fácil entender porque a felicidade é uma questão de decisão. É só selecionar a frequência correta.